segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Saudade

Sinto falta do teor da tua boca
E de quando relutava em me beijar
Das caras e caretas que tu fazias
Pelas quais gargalhava sem parar.

Sinto falta do teu abraço
Aconchegante refúgio do meu viver
O qual confortava-me quando triste
E onde comemorava cada pequeno prazer.

Sinto até falta dos seus raros defeitos
Ah! Como era linda a sua loucura
Adorava profundamente cada chatice e cada frescura.

Só não sinto falta do tempo que passei sem ti
Este deixou-me extremamente desesperado
Espero voltar em breve a ser seu amado.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Doce Obsessão

Cândida como costumeiramente são os anjos
Toque macio e suave como o de qualquer flor
Coração bondoso há de ser outro de seus encantos
Irradia doçura à sua volta com extremo primor.

Formosa! Assim o melhor modo de definí-la
Esculpida à mão pelo brilhante Criador
Bem mais que uma simples escultura de argila
Mistura homogênea de inocência e ardor.

E assim tudo começou a fazer sentindo
Amar finalmente deixou de doer
Sofrer? Algo que não mais iria acontecer.

E assim nasceu a minha doce obsessão
Criada com o excêntrico intuito de me confundir
Mas que no meu peito nunca deixará de residir.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Uma Garota Qualquer


Apenas um olhar qualquer,
Qualquer adjetivo que não seja singular
Pintado em tons cor de ternura
Desvendá-lo é minha grande aventura.

Apenas um par de lábios comum
Mal sabe ela o quanto os desejo
Finge que me odeia, diz que não me quer,
Porém há sede em si pelo meu beijo.

Intransponível à muito não é mais
Nem me ignora assim com tanta frequência
Até o gelo às vezes sente carência.

Percebeu (finalmente) o quão pode ser feliz
Deixou o velho livro somente na memória
Hoje escreve à lápis sua própria história.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração de Poeta

Disse ela não querer se casar
Prefere pelo céu correr, viajar, se divertir
Dormir ao relento, em qualquer lugar
Conta estrelas e sonhos para se distrair.

Já o pobre poeta pensa mesmo em namorar

Até viajaria, mas somente à dois
Pensa pouco no agora e muito no depois
Talvez devesse começar a vadiar.

Vivendo cada um em um planeta diferente

Ele tão seguro de si, protegido atrás do muro
Ela com sua boca ardente, quase indecente.

Vivendo cada um de modo intransigente

Ele é tímido, ela nunca discreta
Avisem-na que seu amor será do poeta.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Princesa e a Masmorra

A coroa é um mero enfeite para a doce princesa
Detentora do vasto império que é o meu coração
Não me lembro ao certo com grande exatidão
Em qual momento devorou meu peito como exímia tigresa.

Ligeiramente adentrou e tomou o meu castelo
Pilhou tudo o que tinha de mais valioso
Seu beijo era forte como o bater de um martelo
Porém, confesso, era tão intrigante quanto saboroso.

E agora sobrevivo trancafiado em uma masmorra
Só o sorriso dela pode me salvar
Só seu abraço apertado pode me confortar.

Mas se acaso a libertação eu não obtiver
Continuarei enclausurado nessa imensa dor
Só me interessa aquela mulher; só me liberta o seu amor.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Obra-prima


Um traço, um risco, um rabisco
Carrega em si cores, pensamentos e emoções
Sem necessários motivos, homenagens e razões
Quer apenas expressar o que vier à cabeça.

Facas, faces e fitas percorrem todo o seu corpo
Argolas de metal completam a personagem
Livre para expressar suas maiores libertinagens
Apesar das imagens, é seu sorriso a real paisagem.

Óculos negros completam o arranjo da tela
Boquiaberto, Ele observa do céu sua obra-prima
E aqui embaixo utiliza-a o poeta como meio rima.

Entre cores e cores esconde-se uma mulher
Não é camuflagem, ela é assim porque quer
A obra de Michelangelo perambulante.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mais e Menos

Queria que ela me amasse menos
Que o seu sorriso fosse menos perfeito
Os seus olhos tristes e pequenos
Assim eu estaria mais satisfeito.

Gostaria que não me fizesse feliz
Pois deste modo eu deveria ser
Nasci para sofrer, sempre um aprendiz,
E você me trouxe o ânimo em viver.

Mas nem tudo é como esperamos
Às vezes o destino é menos arbitrário,
E então o mundo passa a girar ao contrário.

Não me importo se o tempo te levar
Tampouco com erros, dúvidas e enganos
Serás minhas mesmo que somente em 25 anos.

sábado, 30 de junho de 2012

Carnificina


Dizem que ela é o céu e os cinco infernos
É quem mordo ao morder a maçã
A luz que me desperta a cada manhã
É meu alegre, meu triste e meu mais ou menos.

Dizem que ela é maluca
Às vezes me decapita e joga pela janela
Às vezes me frita e come com berinjela
Arranca meus olhos só pra jogar sinuca.

Dizem que ela gosta de mim
Dizem que ela me odeia
Dizem que ao meu beijar seu corpo incendeia.

Só esqueceram-se de me perguntar
O que acho de toda essa chacina
Respondo-lhes sem pestanejar: eu quero aquela menina.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Calma


Lá vem ela, pernas saltitantes pela rua
Olhar firme e destemido de quem sabe,
Sabe como é ter a alma dilacerada em carne crua
Só não sabe que curá-la é a minha vaidade.

Em meio às árvores, lá vem ela em minha direção
Chega como quem não quer nada e me dá um abraço
Mal sabe que em mim seus braços são um laço
Desvencilhar-me dele é o que menos anseio.

Aperta-me com tamanha avidez e verdade
De beijá-la quase sufoco de vontade
Entretanto, fazê-lo não poderei; não deverei.

Quero que seja minha quando sanada a sua dor
O que mais quero é oferecê-la o meu amor,
Mas no momento ofereço calma.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Realidade Virtual

O verbo, o lápis e o papel
A moça, a bussola e o favo de mel
Do servo ao rei, muitos anseiam tê-la.
Enquanto a Lua e as estrelas somente revê-la.

O lustre, o abajur e a escada
O rio, a árvore e o homem na sacada
Todos estão demasiadamente apreensivos
Alucinadamente impacientes e possessivos.

Querem entender, saber o porquê
Se eres ou não fisicamente possível
Ou se é só um delírio geral, incorrigível.

O desacordo toma conta da cidadela
A dúvida invade minha busca singela
Pois tamanha beleza não há de ser real.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Da Cor do Pecado

O pecado não tem cor,
O pecado tem sabor
O pecado, e também o desejo,
Têm o gosto do seu beijo.

Teu corpo à noite me chama
Minh’alma com isso se inflama
Sabes bem o que quero dizer,
Saber bem que eu quero te ter.

Não se faças de desenganada
Sua vida está totalmente estagnada
E meu coração está aqui em movimento,
Querendo tê-la a todo o momento.

Na maratona que corre o tempo
No mar, no ar, na cidade ou no campo
Enquanto os solitários pelas ruas se esbaldam
E os poetas, eternos solitários, trabalham.

sábado, 7 de abril de 2012

O Outro Lado do Verso

Escrevendo às vezes sem perceber
Coisas que eu nem sei por quê
Pra me esquecer ou pra passar o tempo?
Às vezes me esqueço, por um momento.

Mas se meus versos falassem, quem sabe
Diriam que estou realmente triste
Que o seu mórbido odor em mim persiste
E escrever não é antídoto, e sim placebo.

Infelizmente meus versos não falam
Somente se calam e exalam frustração
Dão silenciosas gargalhadas sobre minha situação.

Hienas sorridentes eles hão de ser
Porém, a intrigante pergunta vem à tona:
Como poderei sem meus versos sobreviver?

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Anjo de Deus

Vagava errante pelas trevas e pelo pecado
Sem direção, sem destino; um ser desolado
Eis que um lindo anjo me despertou a luz
E hoje meu caminhar é Deus quem conduz.

O anjo desceu dos céus em um vôo rasante
Majestoso era seu bater de asas, paralisante
Resgatou ao meu viver o sabor da esperança
Antes triste homem, e agora feliz criança.

O Sol reflete o brilho que há em meu sorriso
Doce anjo harmonioso de um golpe preciso
Cravou seu punhal cintilante em meu coração,
E como prêmio deteve toda a minha veneração.

Rogo para que o anjo continue em meu caminho
Cansei-me da solidão, cansei de trilhar sozinho
Quero viver ao seu lado, sem até breve, seu adeus
Um anjo de bondade enviado pelo próprio Deus.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Minha Pequena

Devora-me friamente com teus lábios mortificados
Faça-me sofrer com esses calorosos abraços
Se por acaso eu correr, que corras atrás de mim
Usa tuas unhas e deixa-me coberto por traços.

Se quiser, utiliza-me como tabuleiro de xadrez
Serei até algum tipo de brinquedo ou jogo particular
Deixa-me atrás da porta ou ao lado do criado mudo
Chama-me, se por ventura quiseres brincar.

Não quero que me vejas como um singelo escravo
Desejo somente pela manhã admirar o teu sorriso,
E ao anoitecer contigo observar o majestoso luar
Estar ao teu lado tornará meu existir menos indeciso.

E que o teu aroma doce invada os meus sentidos
Quero deleitar-me com esse odor que me envena
Ajoelho aos teus pés por mais alguns instantes,
Peço-lhe agora que sejas a minha pequena.