sábado, 30 de junho de 2012

Carnificina


Dizem que ela é o céu e os cinco infernos
É quem mordo ao morder a maçã
A luz que me desperta a cada manhã
É meu alegre, meu triste e meu mais ou menos.

Dizem que ela é maluca
Às vezes me decapita e joga pela janela
Às vezes me frita e come com berinjela
Arranca meus olhos só pra jogar sinuca.

Dizem que ela gosta de mim
Dizem que ela me odeia
Dizem que ao meu beijar seu corpo incendeia.

Só esqueceram-se de me perguntar
O que acho de toda essa chacina
Respondo-lhes sem pestanejar: eu quero aquela menina.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Calma


Lá vem ela, pernas saltitantes pela rua
Olhar firme e destemido de quem sabe,
Sabe como é ter a alma dilacerada em carne crua
Só não sabe que curá-la é a minha vaidade.

Em meio às árvores, lá vem ela em minha direção
Chega como quem não quer nada e me dá um abraço
Mal sabe que em mim seus braços são um laço
Desvencilhar-me dele é o que menos anseio.

Aperta-me com tamanha avidez e verdade
De beijá-la quase sufoco de vontade
Entretanto, fazê-lo não poderei; não deverei.

Quero que seja minha quando sanada a sua dor
O que mais quero é oferecê-la o meu amor,
Mas no momento ofereço calma.